Águia-real

Aquila chrysaetos


Identificação

A Águia-real é uma espécie sedentária e entre as características morfológicas destaca-se o seu grande porte, que pode variar ligeiramente de região para região. No caso das populações dos Himalaias e da Ásia Central, o macho pesa cerca de 4Kg e as fêmeas cerca de 6Kg. Nas populações do Nordeste da Europa e da América do Norte, os machos pesam cerca de 3,5Kg e as fêmeas 5Kg. Em termos de dimorfismo sexual, para além da diferença de peso existente entre os dois membros do casal, existe uma diferença evidente no tamanho, sendo o macho mais pequeno 20 cm em altura e cerca de 30 cm em envergadura que a fêmea. A coloração das retrizes é outro aspecto evidente na diferenciação do sexo pois, em geral, o macho apresenta maior número de manchas transversais escuras na cauda.

Em voo as águias reais podem confundir-se com outras grandes aves planadoras escuras como o Grifo ou o Abutre-preto. Nesses casos a observação da cauda e cabeça mais proeminentes (ao contrário da causa atarracada dos abutres), as asas rectas com apenas a ponta das asas dobrada para cima, e o aspecto mais veloz e activo do seu voo são os aspectos mais determinantes na sua correcta identificação, em espacial a grandes distâncias.

As diferenças entre adultos e juvenis são mais notórias que entre os sexos, especialmente em voo, pois os juvenis apresentam uma mancha branca nas asas (primárias e secundárias parcialmente brancas), e na cauda as retrizes são brancas com barra terminal preta. Progressivamente até idade adulta (4 anos) as penas parcialmente brancas vão sendo substituídas por penas castanhas, ou castanho acinzentado. Em termos de aspecto geral a coloração da ave adulta é castanha, com a nuca dourada, podendo em alguns caso conservar alguma cor esbranquiçada na cauda.

Distribuição

Das dez espécies que compõem o género Aquila a Águia-real Aquila chrysaetos é a que possui a mais ampla distribuição, que se prolonga desde a Europa Ocidental até à Ásia, Norte de África, ocorrendo também em grande parte da América do Norte. Na Europa encontra-se na Albânia, Alemanha, Andorra, Áustria, Bielorússia, Bulgária, Croácia, Eslováquia, Eslovénia, Espanha, Estónia, Finlândia, França, Grécia, Hungria, Itália, Letónia, Liechtenstein, Lituânia, Noruega, Polónia, Portugal, Reino Unido, Roménia, Rússia, Suécia, Suíça, Turquia e Ucrânia.


A maioria das aves são residentes, mas nas latitudes mais setentrionais, sobretudo juvenis e imaturas migram do Norte da Fenoscândia para a Europa Oriental, no Inverno.

A população nacional de Águia-real, localiza os seus principais núcleos na região Nordeste do país e na Beira-Baixa, e a restante e pequena porção do efectivo distribui-se de forma dispersa pelo noroeste nacional, Alentejo fronteiriço e no Sudoeste Algarvio e em algumas serras do Norte.

De acordo com o censo nacional realizado em 1997, a população nacional é composta por um efectivo de 61 a 66 casais em território Nacional. Assinale-se que uma parcela dessa população (15 a 18 casais), distribui os seus territórios ao longo de vales fronteiriços (Douro e Águeda). A restante população encontra-se nos vales do Sabor, Côa, Guadiana, Douro Nacional, Tejo e nas Serras a noroeste do país, Alvão e Gerês. Representando 1% da população mundial e 4% da população Ibérica.

O principal núcleo populacional desta espécie situado no nordeste do país, vem sendo recenseado regularmente desde meados dos anos 80, tendo sido possível observar que a espécie apresenta nessa região alguma estabilidade e até um ligeiro incremento, também detectado em diversas áreas de Espanha. Nas zonas a sul a tendência parece ser a mesma (estabilidade) enquanto que no sector noroeste a espécie sofreu um drástico declínio encontrando-se presentemente no limiar da extinção.

Ecologia

Esta ave ocupa vastas áreas vitais, preferencialmente instaladas em espaços pouco humanizados, com encostas declivosas, agrestes e sempre com escarpas rochosas, situadas em zonas montanhosas e vales de grandes rios . Evita águas interiores e zonas húmidas, assim como florestas densas, preferindo áreas abertas com vegetação baixa ou dispersa, especialmente declives e planaltos que possibilitam uma extensa área de visão e uso de correntes de ar quente. Nidifica em afloramentos rochosos, como margens escarpadas de rios, cristas de montanhosas e até falésias litorais, e ocasionalmente em árvores (5 a 10% dos casais). Utiliza rochedos, árvores e outros pontos de observação como poleiros.


O seu habitat de alimentação corresponde a matos abertos e zonas com escassa vegetação em encostas de pendente suave mas com orografia intricada, normalmente associados ao aproveitamento extensiva de gado, nomeadamente o ovino e caprino. A subsistência desta espécie em locais onde a presença de presas é baixa, está associada à capacidade de explorar extensas áreas em busca de alimento, mas também é devida à sua dieta pouco especializada.

Alimentação

Em termos de dieta esta espécie apresenta uma certa plasticidade, comportando-se simultaneamente como predadora e como necrófaga. Como predadora baseia a sua dieta nas presas de média dimensão, principalmente lagomorfos, grandes répteis, aves diversas e carnívoros. Em períodos de menor disponibilidade alimentar é frequente recorrer a cadáveres de ovinos e caprinos, dependendo em grande medida das formas tradicionais de pastorícia. Cada casal possui extensos territórios de vários quilómetros quadrados e a sua dimensão depende da abundância e disponibilidade de presas.

Reprodução

Trata-se de uma espécie monogâmica. Os laços entre macho e a fêmea podem duraraté 2 dezenas de anos. Ambos os progenitores cuidam das crias que são semi-altriciais e nidícolas. Os ninhos são reutilizados em anos sucessivos. Cada território possui um número variado de ninhos que o casal ocupa alternadamente todos os anos. Produz 1 a 2 crias por ano, e o processo nidificante decorre no nosso país entre Março e Julho.

Factores de Ameaça

A perseguição humana através do abate a tiro, da utilização de iscos envenenados e da pilhagem de ninhos, motivada por conflitos associados ao seu comportamento predatório, constitui o principal factor de mortalidade desta espécie.

A colisão e electrocussão em linhas aéreas de distribuição e transporte de energia, estão assinaladas como uma das principais ameaças para esta espécie, uma vez que espécie utiliza frequentemente apoios eléctricos como poiso de caça e dormitório mas também devido ao seu elevado porte e envergadura.

A rarefacção das populações de Coelho-bravo provocado pelas epizootias mixomatose e pneumonia viral hemorrágica.


O abandono e alteração de diversas práticas agro-pecuárias tradicionais, caso da cerealicultura, pastoreio extensivo, conduzem a uma diminuição das populações de presas.

A perturbação humana em zonas de nidificação e durante os períodos mais sensíveis, provocada por actividades agro-silvicolas, actividades cinegéticas, turismo e lazer, conduz a um abaixamento da produtividade da população e até mesmo ao abandono de territórios.

A alteração dos habitats de nidificação e/ou alimentação devido à construção de infra-estruturas (barragens, parques eólicos, estradas), instalação de regadios, produção florestal, actividade de extracção de inertes.

A falta de sensibilidade ambiental por parte de alguns sectores da população rural, como caçadores, criadores de gado, columbófilos, gestores florestais, que vêem nesta espécie um certo entrave para algumas das suas actividades é a causa de conflitos que levam à perseguição da espécie.

in " http://www.icn.pt/aguiasatelite/aguias/index.htm
Comentários
"Muitos parabéns à pessoa que pensou este cantinho onde eu vim parar por acaso. É maravilhoso! Gostei imenso de o percorrer e virei aqui tantas vezes quando a saudade do meu PAÍS se fizer sentir."
Rosa Correia
Facebook
Junte-se a nós no Facebook. Deixe-nos o seu comentário ou opinião!