Perdiz Vermelha

Alectoris Rufa


Identificação

A perdiz é uma ave terrestre de aspecto arredondado. O cimo da cabeça é cinzento com uma faixa branca comprida que passa por cima dos olhos e listra ocular que se estende pelo pescoço até à barra peitoral malhada, envolvendo o mento e a garganta. Tem os pés e bico vermelho. A garganta, de cor creme, tem uma faixa branca marginada de preto.

Distribuição

A perdiz-vermelha, por ser relativamente abundante em quase todo o território nacional, e pelas suas qualidades desportivas (comportamento), é provavelmente (e nalgumas zonas a par do coelho, Orytolagus cuniculus) a espécie cinegética mais apreciada pelos caçadores ibéricos. Estas duas espécies são as presas principais da maioria dos grandes predadores da Península, sendo por isso a sua gestão essencial, não só para o futuro da actividade cinegética (no que à caça menor diz respeito), mas também por complementar os esforços de conservação que têm vindo a ser realizados em Portugal e Espanha.

Ecologia

Espécie gregária, podendo também ser avistada em grandes bandos, especialmente no fim do Inverno, bandos esses que são desfeitos no início do período reprodutivo. Pode ser encontrada em quase todas as regiões do nosso país, preferindo zonas mais abertas com parcelas de culturas agrícolas e outras de mato mais denso, em que existam pontos de água durante o período mais quente do ano.

Tem no mimetismo a sua maior defesa, tanto no caso dos adultos como dos perdigotos, e geralmente não usa o voo como meio de fuga, preferindo correr e esconder-se. O voo é normalmente utilizado como último recurso de fuga, voando poucos metros até uma zona com mato mais denso onde se possa esconder. O voo da perdiz é geralmente curto e pesado, mas rápido e direito, emitindo um som muito característico (uma das maneiras de a distinguir da perdiz-cinzenta, Perdix perdix).


Alimentação

Alimenta-se preferencialmente de sementes e rebentos de plantas bravias e agrícolas, consumindo também insectos (componente principal da alimentação dos perdigotos), moluscos e outros invertebrados.

Reprodução

Aos machos cabe a escolha do território, a sua defesa (são bastante agressivos e não toleram a presença de outros machos). As fêmeas são atraídas através do chamamento característico. A escolha do local para o ninho é normalmente também da responsabilidade do "perdigão".

A dimensão do território varia consoante a disponibilidade de alimento, água e abrigo, e pode variar entre os 1-2 ha até valores acima dos 18 ha. É uma espécie monogâmica, iniciando de uma maneira geral a postura a partir de fins de Abril princípios de Maio a Junho numa pequena depressão no meio de vegetação rasteira.

O número médio da postura ronda os 14 ovos, mas esse número pode ir de 12 a 20. Nalguns casos verificaram-se posturas de mais de vinte ovos, que se pensa corresponderem a situações em que o macho acasalou com mais de uma fêmea (posturas comunais). Os ovos são incubados pela fêmea durante 23 a 26 dias. As fêmeas mais velhas tendem a realizar a postura mais cedo. É frequente a construção de dois ninhos consecutivos (duas posturas sucessivas) em que o macho fica encarregue da incubação de um ninho.

Como é uma espécie nidífuga, os perdigotos abandonam o ninho à nascença, permanecendo a ninhada junto da fêmea. O primeiro voo ocorre normalmente por volta das seis semanas de idade, estando nesta altura os juvenis menos dependentes da progenitora. Nesta altura a fraca disponibilidade de pontos de água e abrigos naturais pode diminuir a taxa de sobrevivência, pois obriga as ninhadas a percorrer maiores distâncias.

No início do Outono poderão ser vistos grupos com 5 a 6 indivíduos (ou seja, dois progenitores e a sua prole), grupos estes que formarão os grandes bandos, que podem ter mais de vinte indivíduos, que se avistam no Outono e Inverno.


Factores de Ameaça

Os principais predadores são a raposa (Vulpes vulpes), o ginete, o gato-bravo, alguns rapináceos, o javali (Sus scrofa) e os corvídeos, estes últimos predando principalmente os ninhos e perdigotos. É de salientar ainda o efeito predador de alguns animais domésticos e assilvestrados, que muitas vezes são responsáveis pela destruição de ninhadas inteiras, especialmente os cães e gatos, causando prejuízos avultados.

A actividade do Homem pode também ser a causa da diminuição da densidade de perdizes num dado local, e mesmo do seu desaparecimento. São frequentes situações em que os agricultores e pastores têm pouco cuidado, sendo responsáveis pela destruição de ninhos e pela morte de ninhadas provocadas por máquinas agrícolas e pela perturbação causada pelos rebanhos. Estas situações podiam ser muitas vezes evitadas, bastando para tal manter a tranquilidade de zonas com de elevada densidade de perdizes na altura do choco, atrasando alguns dias as práticas referidas.

Para além da diminuição de habitat e da pressão cinegética (muitas vezes associada a uma gestão pouco racional) as nossas populações bravias estão a diminuir devido a repovoamentos mal feitos, muitas das vezes recorrendo a indivíduos de cativeiro de má qualidade, causando um novo tipo de perturbação, a poluição genética, pois estamos a perder as características da nossa perdiz ao cruzá-la com indivíduos de outras espécies.

Nos terrenos de regime livre, onde não existe gestão cinegética (para além das restrições de calendário e de exemplares caçados), esta bela ave praticamente desapareceu. Nas zonas onde foram implementadas Zonas de Caça (principalmente turísticas) a população de perdizes parece estar a aumentar, resultado de algumas medidas de gestão implementadas com sucesso, de uma diminuição (e controlo) da perturbação e devido a uma gestão mais eficaz da pressão cinegética.

in " http://www.confagri.pt/Caca/EspeciesCinegeticas/especie1.htm
Comentários
"O Covão da Ponte é sem dúvida um daqueles sítios mágicos que nos leva a sentir alguma responsabilidade no momento de o mostrarmos a outras pessoas. A ligação que o espaço estabelece connosco é tal que tudo ali nos faz bem... "
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